02/12/2008

Conversa

Lá vai o tempo em que uma letra puxava uma palavra
Uma palavra puxava um rio e as frases se sucediam.
Lá vai o tempo em que, dois, éramos uma janela que não se fechava.
O piscar não tremia porque a ânsia não deixava.
Olhos fixos. Espero uma palavra.
Não um gesto, porque esse não se via
Mas poucas vezes não se sentia.
Responde, depressa!
Não quero que se vá embora…

Lá vai o tempo em que uma despedida começava cedo
Porque sabíamos que demorava.
O Tarde não acabava,
Pouco importava.
Se o amanhã chegasse,
Pois que viesse!
Éramos mais,
Tínhamos mais,
Dizíamos mais!
Agora, as letras esgotam-se em cada palavra
Porque o silêncio já não nos diz nada.
E o desconforto de uma palavra
Tornou-se no conforto de uma janela vazia.